Símbolo dos carboidratos, a macarronada, em seus mais diversos estilos e molhos, vem despertando medo nas pessoas preocupadas com a forma física. A massa teve sua origem das mais antigas (1254-1324), e não há registro de que naquela época a população tenha engordado devido ao alimento. O prato costuma ser visto como porto seguro em viagens internacionais, quando os viajantes se deparam com cardápios exóticos.
Com todo seu histórico, seu maior consumo se dá especialmente pelos italianos. A massa ainda integra porções modestas na dieta mediterrânea, reconhecidamente uma das dietas mais saudáveis do mundo. Embora o macarrão e companhia ofertem muito carboidrato, e suposto “inimigo da dieta”, não há razão para cortes radicais em seu consumo.
Em um estudo mais realizado por cientistas canadenses chamado de meta-análise, eles revisaram uma porção de pesquisas de peso sobre o assunto. Na investigação canadense, foram realizadas 32 pesquisas, envolvendo dados de quase 2.500 pessoas. Em comum, elas priorizavam a massa em vez de outras fontes de carboidratos (arroz, batata, pão…). Mas isso dentro de uma dieta de baixo índice glicêmico, ou seja, que não deixa o açúcar disparar no sangue – situação que leva a uma enxurrada de eventos indesejáveis no organismo.
Os cientistas perceberam, então, que as massas não contribuíram para o ganho de quilos extras nem o acúmulo de gordura no corpo. Surpreendentemente, identificaram até uma ligeira associação com a perda de peso. Outra análise que reforça essa conclusão foi conduzida pelo Instituto Neurológico Mediterraneo Pozzilli da Itália, os estudos analisaram peso, altura e circunferência da cintura e do quadril de 23.000 pessoas.
Os dados finais mostraram, então, um resultado semelhante ao da revisão canadense: comer massa não fez o peso saltar. Pelo contrário. Incluída dentro das necessidades calóricas de cada indivíduo, a receita favoreceu uma composição corporal saudável. Além disso, tirar proveito das massas foi associado à ingestão de mais alimentos bem-vindos, como tomate, alface, azeite, cebola e alho.
Carboidrato não é inimigo da saúde
Mas é inegável que o nutriente preponderante nas massas anda com a reputação mais abalada do que outros ingredientes. Para a nutricionistas, isso começou na década de 1970, quando se interpretou que o carboidrato teria papel-chave no ganho de peso por ser convertido rapidamente em glicose.
Nessa situação, produzimos mais insulina, o hormônio que libera a entrada do açúcar nas células com a finalidade de gerar energia. Só que, fora do compasso, a insulina também tem a fama de incitar o acúmulo de gordura.
Contudo, se consumido em proporções adequadas, o carboidrato não causa esse problema todo. Fora que ninguém consome um prato de macarrão puro, sem molho algum. E quando agregamos outros nutrientes no prato, como a gordura ou proteína da carne na bolonhesa, naturalmente a glicose proveniente da massa será liberada de forma mais lenta. “Com isso, evitamos os picos de insulina”.
Contraindicado mesmo é cortar o carboidrato de forma brutal. Para ter ideia, recomenda-se que suas fontes representem de 50 a 60% das nossas necessidades calóricas diárias. Agora, é fato que a população em geral está extrapolando nesse nutriente.
Ao consultar um nutricionista, é compreensível, então, que ele limite mais aquilo que surge em excesso no dia a dia. Logo, massas, arroz, pão e batata sobressaem. Daí, as pessoas têm a sensação de que só os carboidratos engordam. Mas é a redução calórica total que leva à perda de peso, afirmam os nutricionistas.
Soa contraditório falar em equilíbrio ao se descobrir que na pesquisa canadense os voluntários comiam, em média, 3,3 porções de massa por semana. Mas veja: cada porção era equivalente a meia xícara de chá de macarrão cozido.
Se pensarmos em uma dieta mediterrânea típica, a refeição principal é composta por uma ampla gama de vegetais e um prato de proteína e carboidrato, que pode ser a massa. Então, para não exceder no macarrão (priorizando somente um nutriente), o conselho é não se esquecer da salada, que fornece um monte de vitaminas e minerais, e também de uma fonte proteica magra – carne, frango ou peixe.